O Município de Pampilhosa da Serra recebeu no passado dia 2 de junho o 8.º Encontro do Brincar na Cidade Educadora, sob o tema “O Novo Modelo de Atividades de Enriquecimento Curricular”. Neste encontro estiveram presentes, para além dos Municípios de Almada, Évora, Matosinhos, Pampilhosa da Serra, Porto, Sesimbra, Torres Vedras e Vila Nova de Famalicão, do Grupo de Trabalho “Brincar na Cidade Educadora”, os Municípios de Góis, Lousã, Mealhada e Miranda do Corvo, da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, num total de 60 participantes.
Este encontro iniciou-se com uma dinâmica de quebra-gelo, que teve como principal objetivo o conhecimento e contacto mais próximo de todos os participantes.
De seguida deu-se inicio à reunião, liderada por Rodrigo Ramalho, da Câmara Municipal de Torres Vedras e Coordenador do Grupo de Trabalho, que apresentou o site “Brincar na Cidade Educadora”, que se pretende manter para além da duração deste grupo de trabalho, e que conta com uma nova funcionalidade de motor de busca por zona geográfica ou tipo de projetos, que totalizam já cerca de 160.
Informou ainda que nos dias 08, 09 e 10 de novembro decorrerá em Torres Vedras o Congresso Nacional da Rede das Cidades Educadoras, subordinado ao tema “Cidade Educadora, Cidade das Crianças, Cidade para Todos” e subdividido em 3 subtemas: 1º dia “Brincar na Cidade Educadora”, 2º dia “Autonomia, Mobilidade e Sustentabilidade na Cidade Educadora” e 3º dia “Envolver e Participar na Cidade Educadora”.
Relembrou também que este grupo de trabalho terminará no Congresso de Torres Vedras, após 2 anos da sua constituição, sendo da opinião que este não deverá desaparecer e que, nessa medida, irão ser lançadas, durante os próximos meses, questões aos municípios sobre o que consideram importante num novo modelo que venha a ser adotado após o Congresso. Com este mote, passou então a palavra aos presentes, solicitando sugestões:
1.ª Intervenção: Alexandra Tomé, Vice-presidente da CM de Pampilhosa da Serra – realçou a importância da continuidade do “2.0” do grupo, por todo o conhecimento adquirido, pela experiência de rede de partilha e pela consciencialização de que muito ainda há a fazer no seio da temática do Brincar, pela importância que esta ocupa no desenvolvimento integral da Criança. Nessa medida, expressou que tudo o que se conseguiu até aqui deverá ser disseminado pelos decisores políticos e pela comunidade, de forma que o Brincar seja entendido como um direito e uma ferramenta poderosa no processo educativo.
2.ª Intervenção: Otília Castro, da CM do Porto – referiu que com o trabalho que já está feito e estando todos inspirados e mobilizados, é urgente envolver os pais e os profissionais, bem como desconstruir o saudosismo do antigamente e transportá-lo para o nosso quotidiano. A parte “2.0” deve passar por mobilizar quem está diariamente com as crianças e que pode fazer a diferença no dia a dia das mesmas.
3.ª Intervenção: Paula Sousa, da CM de Almada – referiu que os grupos de trabalho, independentemente da sua cadência, são muito importantes porque permitem o aprofundar das temáticas não só da aprendizagem e dos conhecimentos técnicos, mas também porque permitem que estes assuntos estejam sempre presentes na vida dos eleitos, que são os grandes responsáveis pela definição e pelo relançar das políticas. Acrescentou que se deve manter o caminho da rede, podendo reduzir-se a cadência e trabalhar-se à distância, uma vez que as relações já estão criadas. Referiu, ainda, que este tema não deveria ser abordado apenas a nível nacional, mas também internacional através da colocação do Brincar na agenda da AICE.
O Rodrigo Ramalho adiantou que a formação poderá ser uma questão interessante e a ter em conta na continuidade do Grupo.
4.ª Intervenção: Adelaide Dias, da CM de Vila Nova de Famalicão – referiu que a riqueza dos grupos de trabalho é o poder partilhar e ver o que cada um está a fazer, para depois adaptar à sua realidade. Por outro lado, relativamente aos espaços escolares, sublinhou a importância do que se pode fazer ao nível da validação e da segurança dos materiais. Uma das temáticas deveria ser como é que cada um se está a proteger. Terminou dando os parabéns pelo trabalho realizado até aqui.
Neste seguimento, o Rodrigo Ramalho referiu que o Grupo de Trabalho contactou a Associação para a Proteção e Segurança Infantil (APSI) para a desafiar a criar um serviço de avaliação risco/benefício dos espaços escolares para os municípios e para esclarecimento de dúvidas que possam existir sobre o cumprimento das normas necessárias.
5.ª Intervenção: Otília Castro, da CM do Porto – referiu que é necessário envolver mais os assistentes operacionais no que diz respeito a estas questões de segurança. Acrescentou que a comunidade escolar está dividida, enquanto há pais que querem efetivamente espaços com terra, há quase o dobro dos mesmos que não querem. Na sua opinião, os entraves existem porque todos se querem proteger, seja porque vai dar muito trabalho, seja porque têm de gerir isso no dia a dia. Referiu ainda que se deve continuar a falar e a divulgar que o sujar, o brincar e o ir para o recreio quando está a chover é natural e importante para as crianças. Considerou também que a formação é fundamental e que cada um deve, no seu território, demonstrar aos pais, que são quem mais reivindicam as preocupações com a segurança, a importância destas questões.
6.ª Intervenção: José Lopes, da CM de Sesimbra – Considerou, na sua opinião, que se deve manter o ritmo de trabalho em curso para se conseguir convencer os pares e os políticos/executivos, que são quem tem de conjugar a parte técnica com os pedidos da comunidade. Sugeriu que se fizessem pequenos vídeos e pequenos trabalhos, para partilhar e chegar às crianças, aos pais, aos avós, e lhes mostrar que “há outro caminho”. Considerou também importante a formação de todos os intervenientes na área do brincar.
Concluídas as intervenções dos municípios do Grupo de Trabalho, o seu coordenador Rodrigo Ramalho relembrou que a data de submissão das boas práticas terminava a 09 de junho, incentivando à participação de todos. Informou também que, até ao Congresso Nacional, vão ser lançadas questões ao Grupo de Trabalho, para depois fechar e preparar os próximos anos.
Finda a Reunião do Grupo de Trabalho, seguiu-se a apresentação das boas práticas “Boleia Humana” e “Novo Modelo Local de AEC – Eira da Brincadeira”.
A “Boleia Humana” foi apresentada pela Vera Lopes, da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra. Trata-se de uma boa prática que os 19 municípios desta CIM foram convidados a abraçar e que consiste em desafiar as crianças a irem a pé para a escola, acompanhadas por adultos, seguindo itinerários/horários pré-definidos e paragens/estações estrategicamente assinaladas.
Seguidamente a Alexandra Tomé, Vice-presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, apresentou o “Novo Modelo Local de AEC – Eira da Brincadeira”, que está implementado no Agrupamento de Escolas Escalada, Pampilhosa da Serra, desde o inicio do ano letivo 2022/2023 e que tem como principal objetivo dar voz às crianças, reforçando positivamente o que elas já sabem fazer, consolidando e desenvolvendo novas competências, através da participação democrática, promovendo a cidadania e a brincadeira livre: a cidadania, através da participação ativa e conjunta de todos os alunos em assembleias. Cada semana inicia com a Assembleia de Planeamento e termina com a Assembleia de Reflexão. Na primeira, elegem o presidente e os secretários e propõem e votam as atividades a realizar. Na segunda, fazem o balanço da semana, debatendo os aspetos positivos e os aspetos a melhorar. Estas assembleias são registadas num livro de atas, para efetivar as vontades e as consequências das decisões coletivas tomadas. E a brincadeira livre, que permite reforçar positivamente o que as crianças já sabem fazer, consolidar e desenvolver novas aprendizagens, promover as relações interpessoais, a criatividade, o espírito crítico e a exploração do meio, de forma a assumirem responsabilidade e autonomia para explorarem os seus limites e arriscarem de uma forma consciente.
Finda a apresentação destas duas boas práticas, deu-se início às intervenções do Presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da serra, Jorge Custódio; do Secretário executivo da CIM RC, Jorge Brito e da Diretora do Agrupamento de Escolas Escalada, Marta Gonçalves.
Todos se congratularam com este encontro, agradecendo aos presentes e reiterando a importância da disseminação por outros municípios das boas práticas que ali foram apresentadas.
Antecedendo o almoço, houve espaço para “ativar o corpo e a mente”, através de danças, preparando os participantes para as dinâmicas seguintes.
No período da tarde, os participantes deslocaram-se a pé até à Escola Básica e Secundária Escalada, onde foram recebidos pelas crianças da Eira da Brincadeira. Neste espaço foi dinamizada uma Assembleia de Crianças com a participação dos adultos, onde estes últimos tiveram a oportunidade de votar nas atividades propostas.
Guiados pelas crianças, os participantes deste Encontro conheceram a Eira da Brincadeira (todo o espaço ao ar livre da Escola) e realizaram com elas as atividades que foram aprovadas por maioria na Assembleia: subir e descer o morro; subir às árvores, construir abrigos, andar no baloiço das cordas e jogar à barra do lenço.
No final da tarde, fez-se uma assembleia de reflexão sobre o que aconteceu e como os adultos se sentiram, terminando com o agradecimento das crianças que entregaram a todos os participantes a caixa “Para, Respira e Pensa!”, com elementos da natureza, desafiando-os a voltarem a ser crianças.